Evaldo Pereira Portela [1]
Muitos locais pelo mundo são conhecidos pela beleza, singularidade e harmonia de suas paisagens produzidas pela ação humana. E no caso de algumas instituições museológicas [2], onde em geral sua principal função é preservar o patrimônio cultural em suas variadas vertentes, percebemos uma simbiose entre a edificação que abriga o museu e a paisagem circunscrita. Essa convivência, que na maioria das vezes agrada aos olhos, irá identificar o que podemos chamar de paisagem cultural do local.
Um exemplo de prática antiga, como forma de embelezamento e consequente modificação de uma paisagem natural, é a utilização de espécimes vegetais. Observamos assim a construção de uma paisagem em diferentes culturas ocidentais e orientais, estando essa ação, imbricada à história das sociedades humanas.
As palmeiras imperiais (Roystonea oleracea) que circundam o prédio sede do Museu Imperial, antiga residência de verão do imperador d. Pedro II, estão especialmente ligadas a memória da edificação. No caso do Museu Imperial as palmeiras com o tempo passaram a fazer parte de um conjunto de elementos que identificam a paisagem. Os primeiros espécimes que chegaram ao Brasil vieram das Ilhas Maurício e foram presenteados ao príncipe regente d. João pelo viajante Luiz de Abreu Vieira e Silva. O príncipe plantou o primeiro exemplar, que ficou conhecido como a palma mater, em 1809, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado pelo monarca no ano anterior e que tinha como principal propósito reunir espécies vegetais de várias partes do mundo. A partir das sementes desses primeiros indivíduos plantados aqui, se deu a disseminação da espécie por outras regiões. E o fato de d. João ter plantado a primeira palmeira, cuja principal característica é seu aspecto majestoso, parece ter feito com que esta planta ficasse simbolicamente ligada a monarquia e sendo com isso reforçada e conhecida como palmeira imperial.
Foto de 1874 onde se observa algumas das palmeiras imperiais ainda juvenis.
Foto de 2016 onde se observa as palmeiras já adultas.
A imponência dessa palmeira, que pode alcançar 50 (cinquenta) metros de altura, foi um atributo comumente apreciado no Brasil até o século XX, quando da elaboração de projetos paisagísticos que pretendiam destacar uma edificação ou uma via de acesso.
Aspecto das palmeiras que circundam o Museu Imperial.
Vista da varanda do Museu imperial de algumas palmeiras.
[1] Museólogo do setor de museologia do Museu Imperial; Graduado em museologia; Mestre em Estudos do Lazer; Licenciado em História.
[2] Entende-se como instituição museológica aquela que reuni ou apresenta características administrativas e funções técnicas (conservação, exposição, guarda de acervo etc.) que definem museu.
Fontes
- http://jbrj.gov.br/jardim/plantas?page=6 . Acesso em 15/04/2016.
- Arquivo histórico do Museu Imperial