Dia Internacional de Museus 2017

Luiz Antônio Bolcato Custódio [1]

O tema escolhido pelo ICOM para celebrar o tradicional Dia Internacional de Museus neste ano de 2017 refere-se à “(...) histórias controversas: dizer o indizível em Museus”. Ou seja, se propõe a tratar de temas difíceis para comunidades, culturas ou territórios. Encarar contextos ou ocorrências traumáticas. Enfrentar passagens difíceis. Ocorrências referentes a diferentes escalas, podendo envolver indivíduos ou grupos, em situações passadas ou presentes.

Sem mencionar fatos ou temas, em todos os lugares, em diferentes medidas, se apresentam situações dessa natureza. Situações que podem, e em muitos casos devem, ser abordadas pelos museus, como espelhos da sociedade. Do passado ou na atualidade, a cada dia emergem ocorrências que suscitam contradições (e conflitos), gerando disparidade de opiniões, de pontos de vista, despertando paixões. Ou emergem temas que, amordaçados anteriormente, passam a se abrir para enfoques e reflexões contemporâneas.

São questões de toda a natureza, que eventualmente vão colocando em cheque posições cristalizadas ou transformando, decisivamente, arraigados costumes e posturas tradicionais. São gerados por ocorrências naturais, sócio-econômicas ou políticas, com tensões e efeitos devastadores sobre pessoas, sociedades ou culturas. Situações locais que geram efeitos diretos nas próprias sociedades, processos que às vezes atingem dimensões globais. Que geram efeitos e demandas locais.

E isso eventualmente se repete, ao longo de períodos na História, atingindo a diferentes grupos culturais ou sociais que, em situações de crise, tratam de buscar alternativas individuais ou coletivas para enfrentar essas situações. Ou refúgio. Alternativas para sobreviver.

E, nesses processos controversos, além dos indivíduos e grupos sociais, os Museus também têm capacidade de ação e protagonismo. No mínimo, buscando contribuir para um dos pontos básicos na equação de qualquer problema: a sua identificação, conhecimento ou reconhecimento. E com isso, participar com informação, para posturas e iniciativas ou mesmo, procurando incentivar solidariedade.

Muitos são os temas, presentes e passados, que envolvem “situações indizíveis” e que deveriam ser abordados pelos museus, por meio de suas distintas dinâmicas de apresentação e representação. Buscando evitar o que Chauí [2] denominou de “história oficial celebrativa”, mas, tratando, além da controvérsia, de contribuir para exercer sua missão institucional precípua de estar, sempre, “ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento”.

[1] Arquiteto. Professor do Centro Universitário Uniritter. Ex-presidente do Comitê Brasileiro do ICOM.

[2] CHAUÍ, M. S. Os trabalhos da memória. In: Bosi, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. XVII – XXXII.

 

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