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Angelo Oswaldo de Araújo Santos [1]

O museu deve estar sempre em reciclagem, na busca de aprimoramento e de ampliação do público, de maneira a tornar-se um contemporâneo do futuro e não um sobrevivente do passado, como uma vez disse o poeta Murilo Mendes diante dos desafios do tempo. Quatro museus estaduais passaram por recente processo dinâmico de revitalização, que culminou nos resultados positivos apurados no final de 2018, ao término da gestão responsável pelas transformações.

O Museu Mineiro (Belo Horizonte), o Museu Casa Guignard (Ouro Preto), o Museu Casa de Alphonsus de Guimaraens (Mariana) e o Museu Casa de Guimarães Rosa (Cordisburgo) requalificaram os projetos museológicos, de modo exemplar, e envolvem o espectador em nova comunicação e participação.

A restauração do prédio do antigo Senado Estadual, na avenida João Pinheiro, em Belo Horizonte, ensejou, ao mesmo tempo, a implantação de um projeto museográfico que reorganizou e valorizou o acervo, de forma a aprimorar as relações entre os espectadores e a diversidade das obras expostas. A nova expografia conferiu especial destaque a cada coleção. Em Ouro Preto, o Museu Casa Guignard refez a exposição de longa duração e introduziu novidades que ampliam e aprofundam o conhecimento da vida e obra do mestre, além de fortalecerem os atrativos do espaço.

Causa impacto ao visitante o Museu Casa de Alphonsus de Guimaraens, em Mariana. O velho sobrado da rua Direita foi recuperado e uma museografia surpreendente assegurou ao Museu, pela primeira vez, uma consistência e uma qualidade de cuja falta ele sempre se ressentira. É, de fato, o sonhado museu alphonsiano. Em Cordisburgo, o Museu Casa de Guimarães Rosa consolidou o seu caráter modelar, que contrasta com a malograda implantação de um pretenso museu junto à Gruta de Maquiné, de responsabilidade da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Governo 2011-2014), o qual, de tão oneroso, não pôde ainda ser integralmente refeito, como pedem os laudos de qualificação museológica.

Essas experiências exitosas de trabalho, coordenadas por Andrea Magalhães Matos na Superintendência de Museus, infelizmente esvaziada pelo atual Governo do Estado, provam que, com recursos financeiros pouco significativos, respostas admiráveis foram alcançadas por equipes empenhadas nessas conquistas. As consequências altamente benéficas nos campos da cultura, da educação e do turismo evidenciam a importância de uma política de museus que tenha o Estado adequadamente posicionado em seu indispensável protagonismo.

A Semana de Museus de 2019 sugere uma reflexão, a partir deste saldo empolgante de realizações, sobre o destino de mais de 400 museus de Minas Gerais, para os quais o papel do Governo estadual não pode ser anulado sem que o prejuízo seja compartilhado com todo o processo de desenvolvimento da vida mineira. Vive-se em Minas, mais aguçadamente, a angústia dos museus brasileiros, num quadro de desestabilização e falta de perspectivas, sob a fumaça sufocante do Museu Nacional.


[1] Angelo Oswaldo de Araújo Santos é ex-presidente do Instituto Brasileiro de Museus, IBRAM. Foi secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais e prefeito de Ouro Preto.


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