Angelo Oswaldo [1]
O tema Diversidade e Inclusão, proposto para a Semana de Museus de 2020, aproxima-nos dos desafiantes problemas gerados pela crise do coronavírus, de vez que as instituições museológicas devem redobrar ainda mais a atenção para com o público que delas se afastou durante o isolamento imposto pela pandemia. Reconstituir e ampliar os fluxos de visitantes e participantes dos eventos, eis aí uma tarefa que demanda esforço redobrado e estratégias que possam tanto resgatar os contingentes vetados e diluídos pelo confinamento quanto conquistar vertentes ainda esquivas aos atrativos do museu. O foco recai sobre a diversidade do público e a inclusão daqueles que ainda não descobriram as consequências positivas da frequentação. De fato, a visita a um museu não é item bem situado na pauta das atividades do cidadão brasileiro. Tem sido por isso mesmo obstinada a missão de buscar, formar, atrair e ampliar a presença dinâmica de pessoas diversas nos espaços do museu.
Em primeiro lugar, o público alvo será o estudantil, porque as escolas devem levar aos museus grupos sempre mais numerosos, por meio dos quais se chegará às famílias, numa conexão que pode resultar na expansão desejada. Demais, inserir os museus no programa didático das redes de ensino há de ser uma preocupação permanente de cada um deles, em sintonia com as autoridades municipais e estaduais do campo da educação. O diálogo com os círculos da terceira idade permitirá incluir na pauta desses grupos, em franca proliferação pelo país, a visita a um museu como experiência prazerosa. Projetos sociais que visam grupos diversos da sociedade podem encontrar, no diálogo com o museu, um caminho seguro para resultados expressivos, em termos da buscada integração. Com as agências e demais serviços ligados ao turismo, como o parque hoteleiro, o intercâmbio de informações e vantagens tenderá a produzir benefícios para ambas as partes.
A intensificação dos projetos de extensão cultural interfere na percepção da sociedade local quanto às potencialidades do museu, despertando o interesse de segmentos até então desinteressados. A ênfase em aspectos históricos e culturais que sensibilizem as variadas vertentes sociais acorda e aguça a vontade da descoberta daquilo que o museu oferece. E o museu pode fazer-se presente em locais em que se sinalize o convite ao público pelos mais variados meios de comunicação sobretudo visual, como em terminais de passageiros e centros comerciais. Abastecer os meios de comunicação de informação adequada é outro instrumento para se alcançar o êxito, já que jornais, revistas especializadas, redes sociais e emissões de rádio e televisão precisam ser motivados para as pautas do sistema nacional de museus.
Os setores da cultura e do turismo, brutalmente atingidos pelo coronavírus, tornam-se parceiros no trabalho de mobilização de novos atores na cena museal. A depressão econômica subsequente à pandemia deve fazer com que os meios culturais e turísticos se unam em esforços pela emergência de uma realidade próspera e promissora, na qual um papel importante caberá aos museus de portas novamente abertas.
[1] Angelo Oswaldo de Araújo Santos é jornalista, escritor, curador de arte e ex-presidente do IBRAM e do IPHAN.
Entre em contato conosco!
Envie seus comentários, críticas e elogios sobre esse artigo para o email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. .