Clarete de Oliveira Maganhotto [1]
A classe museológica faz o balanço de mais uma etapa de seus feitos, suas conquistas, realizações e seu trabalho. No mês de maio, precisamente no dia 18, comemora-se o Dia Internacional dos Museus, instituído pelo ICOM, International Council of Museuns, órgão regulamentador e normatizador de atividades nos museus, na esfera internacional. Normalmente nessa época,os festejos se expandem por uma semana. São sete dias em que, cada museu, usando a mesma temática, porém cumprindo a realidade da sua origem e da sua missão, diversifica suas atividades e, interagindo com o público, vivencia as mais extraordinárias formas de expressão artística e cultural. Essa data também nos faz refletir, anualmente, o que fizemos, o quanto avançamos e no que precisamos melhorar para que tenhamos sempre mais, ao final de cada missão, a certeza do dever cumprido. A batalha é intermitente e as dificuldades inúmeras. Ora são interferências políticas que incidem direta ou indiretamente sobre as atividades que envolvem os museus, ora são, como agora, desastres epidemiológicos que afetam a todos nas mais intrínsecas formas da existência humana.
É certo que neste ano, estamos em alerta e pouco temos a comemorar. Estamos preocupados, acima de tudo, com a preservação da vida, atentos às pesquisas de saúde na busca de medicamentos eficientes e vacinas para a cura desta Covid-19 que assola o mundo. Há uma incerteza pairando no ar. Ninguém garante resultados. Pesquisas falham. Opiniões são muitas, mas na verdade só o tempo nos trará o veredito desta acirrada luta que envolve a todos, pobres, ricos, negros, brancos, independentes de seus credos ou religiões, de suas preferências sexuais ou profissionais. Todos foram afetados. E o resultado dessa pandemia ainda está por vir.
Como se não bastasse toda essa prova que a natureza nos impõe, exigindo da população muitos cuidados especiais, incluindo um isolamento social, com fechamento de estabelecimentos públicos, particulares e comerciais, estamos privados, totalmente, de contatos pessoais, pois até alguns procedimentos, atendimentos e reuniões que eram presenciais, agora devem ser realizados por videoconferência.
A área cultural, geralmente relegada a segundo plano pelos responsáveis por seu destino, raramente é lembrada como corpo vivo de uma estrutura fundamental em todos os setores da administração pública. Muitas vezes sucateada, pouco entendida pela maioria dos que teriam o dever de mantê-la, organizá-la e dirigi-la, torna-se constantemente alvo de contestação por parte de seus usuários insatisfeitos.
Museu, objeto essencialmente cultural, depende de bons planejamentos, com missões bem definidas e acima de tudo com destinação de verbas às suas necessidades de preservação, manutenção e restauração, em todas as esferas da administração pública: federal, estadual e municipal, incluindo os particulares. Necessita de coordenadores competentes e responsáveis, técnicos especializados, equipes multidisciplinares e, no mínimo, museólogos graduados para o cumprimento de seus objetivos, pois é este, um precioso patrimônio que guarda, preserva e transmite a história da humanidade e das nações, suas culturas, usos e costumes.
Casa de todos os povos, raças, gêneros e credos é o museu, onde os mais diversos tipos de interessados afluem para satisfazerem suas curiosidades, ampliarem seus conhecimentos e darem vazão às suas formas de expressão, usando criatividade e talento. Espaço onde são realizadas as mais diversas manifestações culturais, artísticas e educativas, por meio de cursos, encontros, salões de arte, workshops e outros tipos de ações, além de exposições permanentes e temporárias, que têm por objetivo, informar, esclarecer e elucidar sobre a história e a cultura local e não raras vezes de outros povos, sendo ambiente de estudos e pesquisas para muitos estudiosos.
Há quase dois meses suas portas encontram-se cerradas. Mesmo com todas essas dificuldades pelas quais passamos, alguns dirigentes dos nossos museus, fazendo uso da tecnologia disponível e de suas capacidades criativas, colocaram os conteúdos museológicos, pelos quais são responsáveis, à disposição do público, virtualmente. Foi um lenitivo que encheu nossos olhos de encantamento, nosso coração de agradecimento e nossa alma de esperança.
Com certeza, alguns museus reabrirão suas portas neste dia 18 de maio, quando adentraremos em suas dependências com os braços abertos, ávidos por envolver num afetuoso abraço tudo aquilo que faz parte da nossa vida, da nossa existência e que nunca valorizamos tanto quanto agora, quando estamos a salvos para dar continuidade à vida e também para homenagear e incluir na história aqueles que tiveram suas vidas, lamentavelmente, ceifadas por tão terrível manifestação da natureza.
Por certo, aos poucos, tudo retornará a funcionar. Todos os medos e as incertezas se dissiparão. As portas se abrirão, os empregos serão restituídos e a economia do país restabelecida. Os governos se harmonizarão para fazerem prosperar nosso lindo e rico país, com respeito, amor, paz e sobretudo sem corrupção. E a cultura da nossa gente será valorizada, a arte apreciada e a história preservada.
Esse é o sonho... que rogamos... seja realizado!
[1] Museóloga 002 – COREM 5ªR. Membro do COFEM.
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