O Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe exposição do pintor Samson Flexor: além do moderno, a partir do dia 22 de janeiro de 2022. Por meio da linguagem abstracionista e temas que transitam entre o etéreo e o corporal, o pintor é reconhecido como pioneiro da tendência abstrata no Brasil.
Segundo a curadora Kiki Mazzucchelli, "é a primeira exposição que tem como foco o desenvolvimento da obra de Flexor a partir de 1957, quando passa a rejeitar as formas estáticas em pinturas onde gradualmente predominam o gesto, a opacidade e a transparência."
A exposição é composta por quase uma centena de obras datadas entre os anos 1922 e 1970. São incluídas pinturas conhecidas na trajetória do artista como Aos pés da cruz (1948), onde os rostos das figuras aparecem em meio a linhas e cores superpostas; Figuras femininas (1951), que apresenta corpos como composições de formas geométricas; e, Diagonal sur le carré (1954), quando explora as diagonais cruzadas e cria um movimento acentuado pelos contrastes cromáticos.
Samson Flexor, sem título, 1961
Outro elemento indispensável para a percepção da obra de Flexor é sua estreita relação com a cidade de São Paulo. Nos anos 1950, sua pintura se aproxima da linguagem do Concretismo, referindo-se a um período de modernização industrial e crescimento urbano. Como anota o crítico Sérgio Milliet, "para Flexor, a orientação decisiva a favor da abstração não decorre apenas de um processo intelectual, mas também da contemplação cotidiana do espetáculo que oferece o desenvolvimento frenético de São Paulo, onde tudo tende para o futuro e clama seu desprezo pelo passado colonial."
Quando apresentada sua fase tardia, marcada pelo golpe militar no Brasil e diagnóstico de uma doença terminal, são exibidas obras mais figurativas como a notável série Bípedes, exposta pela primeira vez na IX Bienal de São Paulo, em 1967. O impacto de tais acontecimentos é perceptível na produção de Flexor, que manifesta reflexões relativas a violência patriarcal e a fragilidade humana a partir de grandes figuras grotescas, retomando a temática do orgânico em contraste ao geométrico em um exercício de afastamento e oposição entre corpo e mente.
Samson Flexor, Lírico, 1960
Samson Flexor, Pássaros, 1968
“O Museu de Arte Moderna de São Paulo, dando continuidade às reflexões que promoveu ao longo do ano de 2021 sobre o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, desdobra sua programação para além do modernismo, exibindo um artista que contribuiu para a consolidação da arte abstrata no Brasil na década de 1950”, comenta Elizabeth Machado, presidente da Diretoria do MAM.
Segundo Cauê Alves, curador-chefe do MAM, “Flexor está diretamente ligado à história do MAM São Paulo, tendo participado da primeira exposição realizada pelo museu em 1949, Do Figurativismo ao Abstracionismo. Se na década de 1950 a abstração geométrica sobressai em sua produção, na década de 1960 as formas orgânicas aparecem como protagonistas.”
Samson Flexor, Abstrato, 1965
Sobre o artista
Samson Flexor desembarcou no Brasil no final da década de 1940 quando deixou a França na deflagração da Segunda Guerra Mundial. O pintor realizou sua primeira exposição em São Paulo em 1946 quando é naturalmente inserido na classe artística e participa de eventos que contribuíram para a disseminação do abstracionismo no Brasil. Entre eles, a exposição de Calder no Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro, a mostra de Max Bill no então recém-fundado Museu de Arte de São Paulo (Masp). Também a exposição inaugural do Museu de Arte Moderna de São Paulo em 1949, contexto em que é convidado e incentivado pelo crítico e diretor belga Leon Dégand a explorar os caminhos da abstração geométrica pura.
Samson Flexor, sem título, 1963
Samson Flexor, sem título, 1963
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.
O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Samson Flexor, Túnel, 1958
Serviço
Samson Flexor: além do moderno
Curadoria: Kiki Mazzuchelli
- Período expositivo: De 22 de janeiro de 2022
Em cartaz até 26 de junho de 2022 - Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)
- Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
- Telefone: (11) 5085-1300
- Ingresso: R$25,00. Gratuidade aos domingos. Agendamento prévio necessário.
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Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de SP, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura. - Acesso para pessoas com deficiência
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